quarta-feira, 19 de março de 2008

saída

queria ir pra bem longe

fechar a porta

e jogar as chaves fora

mas não tenho nada

e também nada a temer

tenho tanto a dizer

mas falta palavras

olho a estrada

e sinto desejo

mas o medo

interrompe meu sono

meus passos largos

não são suficientes

e a distância parece q aumenta

na bagagem

não tenho nada pra levar

mas tenho

um enorme coração

tenho meus planos

mas planos não se realizam

sem seu tempo certo

queria ir pra bem longe

mas o longe

às vezes é perto

e se saio por um instante

já perco a noção

e se saísse

perderia mais

se fecho a porta

deixo alguém pra trás

e as chaves que jogo fora

vão faltar depois

para quem chegar

não tenho o que levar

mas tenho

a mala cheia

e o coração vazio

segunda-feira, 17 de março de 2008

adeus


atrás
ficou o portão
aberto
para você voltar

só vi teu cabelo
do outro lado da rua

e você
não olhou pra trás
a esquina
te engoliu.

sem nome

olho para o nada
pois já não quero
ver nada
não me interessa
o que está aqui ou lá
pouco me faz diferença
quero nada agora
quero o silêncio da morte
e o barulho da fábrica
sinto o frio na pele
mas o cobertor ficou pra trás
esqueço de algo
paro no tempo
sinto o fogo
queima os olhos
quero pouco
ou quase nada
quero frio e calor
enquanto espero ninguém
sinto nada
sou morte gelada e silenciosa
e fábrica movimentada
olho o nada esperando