segunda-feira, 28 de setembro de 2009

outras palavras, outras loucuras

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talvez seja bom deixar
espaços em branco
em nossa efêmera morada...
nossos corações não podem
ficar superlotados,
abarrotados de coisas pequenas...

deixei espaço demias
em meu coração...
e alguém se apossou,
sem pedir licença, tomou conta
de meus pensamentos...
hoje eu fiquei só,
amanhã pode chover de novo...

um livro que fala de coragem,
de amor e deluta...
uma ou outra coisa
lembram lugares, coisas, pessoas,
lembro dela,
a pessoa mais importante
que encontrei pelas ruas da loucura...

original de 25 agosto 98 - 23h30min

domingo, 27 de setembro de 2009

a loucura - original da madrugada de 25 agosto98 - parte 3

--> folha 3

mais formas, menos sorrisos
o perfume barato derramado
na coberta do mendigo,
não é francês, é ignorância
é descaso
normal?
sem sentido de ser
real...

não fomos criados assim
fomos domesticados
bonecos de papel
fantoches sem mão certa
pedrinhas da beira da estrada
que ajudamos a construir
sem honorários a receber...

as canções me lembram alguém
que está longe
mas mora em mim...
mandaria uma flor a ela
se as floriculturas entregassem a domicilio
sem taxa extra ou pagamento
adiantado...
não, ninguém sabe
que estou aqui
sou um dos poucos, sou raro
sou valiosa pedra aqui...

os ponteiros se movem
insistem em me apressar
eles fazem seu pael
servem ao sistema
que não vive sem tempo útil
ou atrasos no jantar
de domingo...

é noite lata
sono profundo dos normais
que não gostam de sonhar
e têm pesadelos
com jardins e água pura
com nuvens e pessoas queridas
que não moram mais aqui...

mmm... um beijo no escuro
umsonho bom
e outro ruim,
para testar a memória...
lá fora, a garoa insiste em me chamar
para dançarmos nus...
terei que desapontá-la
preciso sonhar
e acordar sem medo
de realiza rmais um sonho
sem medo de sorrir para o espelho
do banheiro..
apenas sonhar e ser anormal.

a loucura - original da madrugada de 25 agosto98 - parte 2

--> folha 2

Se eu chegar cantando,
não é porque acabo de ouvir a música,
mas porque ela está em mim
e eu a quero...
assim como quero a lua
como queijo a me esperar
em uma noite que já fora negra,
sem nenhum sinal de vida...
noites e dias de solidão...

outros dias, outros loucos
e mais e mais normais
para julgar
o que é certo ou errado
e qual o castigo
para o homem que saltou do prédio
e avisou os bombeiros antes,
mas acharam que era trote...

enquanto isso,
um menino empina pipa
no terreno baldio
que é praça, parque e estádio
de futebol sem cartola ou passe...
se a pandorga enrolar no fio,
ele faz outra
e logo mais estará de volta...
melhor que brincar de ninja
ligado em um videogame

enquanto o tempo passa
e o relógio não me deixa esquecer isso,
eu olho a tinta se espalhando
e manchando o caderno,
criando formas, símbolos, relações
interfaces da minha vida
com algumas árvores picadas
em nome do progresso...

ao meu redor, as coisas consiram
uma revolução silenciosa
uma guerra entre o mundo físico
e o mundo conveniente...
discretamente, eu observo tudo
e anoto coisas em um bloco
de rascunho...
tudo o que pode ser usado contra mim
está registrado para eu não esquecer....

livros, formas, cores,
o cheiro da noite é bom
a cor do luar
faz bem a meus olhos
cansados de ver o que não querem,
e de serem testemunhas
silinciosas, solitárias
de uma onda de normalidade sem
nexo, anexo
ou contexto exato
muito menos pretexto para ser...